(Entrevista realizada em 18/09/2015)
Entrevista com Juris Pereira da Rocha, encarregado da cultura do coco na propriedade do senador Blairo Maggi, em Cuiabá, MT, feita com a colaboração de Ângela Maria De Stéfani Ruggiero, por ocasião da visita realizada no encerramento do XXIII Congresso Brasileiro de Fruticultura. Também participaram da visita, entre outros congressistas, o Engº Agrº Luis Henrique Chaves Daldegan (ECOMUNDI Assessoria Socioambiental) e o presidente do Congresso, Prof. Dr. João Pedro Valente da UFMT.
TodaFruta – Comente a respeito da lavoura de coco implantada na propriedade.
Juris Pereira da Rocha – A propriedade possui uma área cultivada com coco da variedade coqueiro anão, com plantio no espaçamento de 7 x 6 m, com a seguinte distribuição: 1.580 plantas trazidas da Bahia com 12 anos; 120 plantas mais velhas, com 25 anos; e 400 plantas com 6 anos e meio.
Como as plantas estão com bom enfolhamento, acreditamos que produzirão em média mais de 25 anos, antes de serem renovadas.
TodaFruta – Comenta-se que é difícil produzir coco. Qual o segredo para um bom resultado com esta lavoura?
Juris Pereira da Rocha – O segredo para produzir coco começa com uma boa seleção de mudas e, principalmente, pela irrigação. Esta, podemos assegurar, é o verdadeiro segredo na produção. Na propriedade, utilizamos o seguinte esquema para irrigar: as plantas estão divididas em talhões, nos quais cada planta recebe 270 litros de água durante 3 horas, todos os dias, no período da seca, quando a irrigação é necessária.
TodaFruta – Quando se dá a eliminação de folhas velhas, e como proceder para reutilizá-las?
Juris Pereira da Rocha – A eliminação de folhas velhas é realizada quando se apresentam caídas, sendo eliminadas com o auxilio de facão. Após a retirada, são amontoadas e trituradas, para serem convertidas em adubo orgânico e reaproveitadas pela cultura. Após a trituração, são deixadas em descanso por 2 meses, molhando-as sempre, após o que são distribuídas por toda a área utilizada pelas plantas.
TodaFruta – Sempre que possível, devemos minimizar a utilização de defensivos químicos. Comente sobre a preparação e utilização do fumo para estas pulverizações.
Juris Pereira da Rocha – Controlamos a broca e as doenças fúngicas com o emprego de um preparado com fumo, feito da seguinte forma: 5 kg de fumo em 2.000 l de água, que permanecem em infusão por 8 dias. Essa calda é depois pulverizada nas plantas.
TodaFruta – Existem comentários sobre algumas doenças e sobre a falsa baratinha, que atacam o palmito das plantas, resultados no seu secamento. Como vocês procedem para controlar esses problemas?
Juris Pereira da Rocha – Vale destacar que a lavoura é atacada pelas seguintes doenças e pragas: falsa baratinha, lixa do coqueiro, anel vermelho e brocas. A aplicação da calda de fumo – um procedimento que deve ser utilizado por outros produtores da região – é recomendada para o controle da broca e de doenças fúngicas, conforme dissemos anteriormente. Quanto ao anel vermelho, que é provocado por um nematoide, é identificado pela presença de um anel dessa cor observado ao cortar-se o tronco da planta e que também se manifesta nos frutos. O procedimento nesse caso é eliminar a planta atacada e queimá-la na cova da planta.
TodaFruta – Qual o esquema de adubação utilizado?
Juris Pereira da Rocha – É fundamental a realização de análise do solo, coletando o solo em toda área a cada 3 anos. Em função dessas análises, temos realizado adubação 3 vezes ao ano, na qual vale enfatizar a importância do boro, que é aplicado na forma líquida, utilizando-se a dose de 2 litros para 2.000 litros de água. A aplicação é realizada bem cedo, até 7:30 horas. Se for realizado em horários em que a temperatura é elevada, mata a planta.
TODAFRUTA – Como avaliar o ponto de colheita em plantas altas?
Juris Pereira da Rocha – Avalia-se pela mudança de coloração dos frutos, que pode ser comprovado pela batida nos frutos, que apresentam uma mudança de som, que se torna mais oco. Na propriedade, os frutos no ponto de colheita apresentam, em média, um volume de água superior a 400 ml. Vale destacar que procedemos ao desbaste de frutos nos cachos, no sentido de promover uma melhor distribuição dos frutos, o que tem resultado em frutos maiores, com boa qualidade, conforme destacam os nossos compradores. Os nossos cachos apresentam em média 18 frutos.
TodaFruta – Comente a respeito dos procedimentos adotados para a colheita.
Juris Pereira da Rocha – A colheita é realizada com o auxilio de uma escada. Amarra-se a base do cacho, após o que se corta com uma tesoura especial. Como resultado dos procedimentos utilizados, colhemos dois cachos por planta/dia, com 18 frutos por cacho. Os frutos são acondicionados em ambiente refrigerado, completando a colheita semanal ,são enviados para a indústria de processamento.
TodaFruta – Alguns produtores têm reclamado do preço praticado. Qual é o custo por unidade, obtido na propriedade?
Juris Pereira da Rocha – Lembramos a importância de anotar os gastos por atividade, assim procedendo pode discutir a respeito. Pelas nossas contas o custo por fruto oscila em torno de R$ 0,65 (preço de setembro de 2015).