Já ouviu falar em uvaia, juçara, cabeludinha, grumixama ou araçá-una? Essas são algumas das frutas nativas da Mata Atlântica que, por causa do intenso processo de derrubada das nossas florestas, praticamente desapareceram do território e do cardápio do capixabas.
Um projeto do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), porém, pretende preservar e retirar da zona de extinção essas espécies e, no médio prazo, popularizar o plantio dessas frutas para que elas possam ser comercializadas pelos agricultores do Estado. “A ideia é desenvolver trabalhos de pesquisa para fazer com que essas frutas também se tornem frutas comerciais. Esse é um trabalho muito inicial, para conhecer esses materiais genéticos e despertar interesse sobre eles. Mais à frente queremos despertar o interesse por essas frutas no mercado”, explica a doutora em Genética e Melhoramento de Plantas e pesquisadora do Incaper, Sarah Ola Moreira.
Coordenadora da pesquisa – intitulada “Caracterização físico-química e nutricional de frutas nativas da mata atlântica com potencial econômico e ambiental”, Sarah explica que o projeto terá o incentivo da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), que aprovou a proposta por meio de um edital. A expectativa, com o avanço dos estudos, é que em até 10 anos essas frutas estejam sendo plantadas pelos produtores rurais capixabas.
Sarah acredita que uma das formas de ampliar a conservação das espécies é torná-las conhecidas e úteis à população, seja por meio da agricultura, na medicina ou na indústria. E a Mata Atlântica é uma área prioritária para conservação, por abrigar elevada biodiversidade ameaçada pelas mudanças climáticas e pela ação do homem, reforça a doutora. “As frutas da Mata Atlântica possuem características como sabor e aroma atrativos, além de propriedades nutracêuticas, antioxidantes e antibacteriana, ainda pouco exploradas, devido a uma lacuna no conhecimento sobre as propriedades dessas frutas”, acrescenta a pesquisadora.
Alunos do Ifes vão integrar pesquisas
Dentro do projeto de popularização das frutas nativas do solo capixaba, serão feitas expedições, no Estado, para identificação de plantas matrizes e coletas de amostras de frutos, folhas e solo. Nos frutos coletados de cada matriz serão feitas avaliações biométricas, físico-químicas, nutricionais (fibras, ácido ascórbico, valor calórico) e teor de elementos inorgânicos.
O projeto será desenvolvido em parceria com o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) de Venda Nova do Imigrante, e os alunos do ensino médio-técnico em Agroindústria e do ensino superior em Ciência dos Alimentos auxiliarão na coleta das amostras, nas análises laboratoriais e na divulgação dos resultados.
Por este motivo Sarah, ressalta que, além do potencial científico, o projeto tem caráter social, tanto pela disponibilização de bolsas científicas quanto pela possibilidade de trazer novas fontes de renda ao produtor. “O projeto também vai auxiliar no desenvolvimento de novos produtos, que poderão agregar maiores rendimentos, especialmente numa região com o agroturismo forte”.
Frutas nativas do Espírito Santo
1 Juçara Tem gosto muito semelhante ao do açaí, porém é menos calórico. A juçara tem mais ferro e antioxidantes. É considerada uma palmeira.
2 Uvaia Rica em vitamina C, é bem azeda. Usada para fazer sucos e doces, também pode ser consumida in natura. Seu sabor é intenso, assim como seu perfume.
3 Cabeludinha Tem esse nome porque a flor parece um pincel de pelos. O fruto é amarelo. Pode ser usado para fazer doces, sucos e sorvetes. O arbusto chega a 4 metros
4 Grumixama Dá frutos amarelos, vermelhos ou pretos. Geralmente frutifica em novembro e dezembro, por isso a planta é conhecida como presente de natal da Mata Atlântica.
5 Araçá-una É da família do araçá e da goiaba. É usado na produção de geleias, mas também em arborizações e projetos de reflorestamento, por ser uma planta muito rústica.