Por Vivian Souza – G1 –
Pode até parecer estranho, mas frutas, como a banana, apesar de já terem a cara do Brasil, não surgiram aqui. As nativas, muitas vezes, acabam sendo consumidas apenas regionalmente, caso do umbu, predominante na Bahia.
Ainda assim, o país possui uma grande diversidade desses alimentos e está entre os principais fruticultores do mundo, ocupando o 3° lugar. A maior parte dessa colheita fica no Brasil, tendo uma exportação ainda fraca deste setor.
Um dos motivos para isso é que o consumo de frutas em todos os continentes ainda está abaixo do que seria recomendado para uma dieta balanceada, aponta Francisco Laranjeira, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Mandioca e Fruticultura.
Feijoa: rica em cálcio, zinco, magnésio, proteínas e vitaminas do complexo B e C, reforça o sistema imunológico e cognitivo e o combate à depressão, afirma a nutricionista Adriane Marcom.
A feijoa reforça o sistema imunológico, o combate à depressão e o sistema cognitivo — Foto: HortResearch/Divulgação
Biribá: nativa da Floresta Amazônica, tem um sabor adocicado. É fonte de antioxidantes, fibras, ferro e vitaminas do complexo B e C, reforçando o sistema imunológico.
Biribá é nativa da Floresta Amazônica — Foto: I likE plants! on VisualHunt
Cajá: é cultivada, principalmente, no Norte e no Nordeste. Se trata de uma fruta rica em carotenoides, um poderoso antioxidante que pode se converter em vitamina A, ajudando também a prevenir câncer e doenças cardiovasculares, aponta Adriane.
Cajá é cultivada principalmente no Norte e no Nordeste — Foto: Divulgação
Juá: natural da Caatinga, contém propriedades diuréticas, anti-inflamatórias, analgésicas e, por isso, é muito usada como uma planta medicinal.
Juá é natural da Caatinga — Foto: Reprodução / Globo Rural
Camu-camu é plantada na Amazônia — Foto: Kaoru Yuyama
Entre as frutas mais consumidas do país, a maioria não é nativa do Brasil. Considerando as 5 primeiras (banana, laranja, melancia, maçã e mamão), nenhuma é.
Muitas das frutas nativas acabam sendo conhecidas apenas regionalmente, como o umbu, descrito por Laranjeira como uma ameixa mais azeda. Ele é tradicional da Bahia e sua árvore é um símbolo do estado, mas, fora dele, ele não é tão divulgado.
Umbu é fruta nativa da Caatinga — Foto: Divulgação/Coopercuc
Além disso, existe uma questão de falta de hábito, aponta Guilherme Coelho, presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Por serem desconhecidas em outras regiões, acabam não tendo demanda para a sua comercialização fora da esfera local.
Mas nem todas as nativas são anônimas, algumas são bem famosas, como o maracujá, o abacaxi e o açaí. Elas, inclusive, também se tornaram populares em outros países. O caju, por exemplo, é brasileiro, mas muito plantado na Índia, diz o pesquisador.
Para ele, as frutas importadas que se tornaram demasiadamente cultivadas e populares são como “naturalizadas” brasileiras, “por já estarem intrínsecas ao nosso jeito de ser. O limão, a banana, não são do Brasil, mas quem hoje em dia conseguiria dizer que essas frutas não estão naturalizadas no Brasil?”, diz.
“O Brasil tem frutas fantásticas, mas outros países também têm. O que eu acho muito relevante é a diversificação. Ter essa diversidade de frutas é muito importante do ponto de vista de sustentabilidade do setor, de diversidade cultural, gastronômica e nutricional”, afirma Laranjeira.