Apresentação
Alimentos km zero, denominação geográfica de origem, selos e certificados. Certamente você já ouviu falar sobre algum desses recursos usados para diferenciar produtos e que demonstram a crescente preocupação das pessoas em saber de onde vêm os alimentos que serão colocados à mesa. Mesmo assim, ainda são poucos os consumidores que buscam saber quem, como e onde foram produzidas as frutas, hortaliças, grãos, carnes, ovos e outros itens da alimentação diária.
São questões que parecem simples, mas revelam o quanto desconhecemos sobre o grande negócio em que foi transformado o ato cotidiano de
comer. Um negócio que, ao distanciar as pessoas que produzem das pessoas que consomem, torna menos importante a saúde da humanidade e do
planeta. Por isso, é fundamental construir e apoiar sistemas saudáveis de produção, onde as famílias agricultoras conseguem preservar frutas e outros alimentos que dificilmente você vê no mercado convencional. São os alimentos da sociobiodiversidade: guavirova, araçá, uvaia, goiaba-serrana e
muitos outros, que por décadas nutriram comunidades humanas e animais.
Defender a manutenção desta riqueza e do direito de comer alimentos saudáveis, produzidos por quem a gente conhece, e confia, deve ser uma
meta de toda a sociedade, não somente das famílias agricultoras. Como grande parte da memória sobre os alimentos do passado ficou na infância
de alguns ou está no desconhecimento de outros, o Cetap reuniu nesta cartilha informações sobre os benefícios das árvores frutíferas nativas. Além
dos frutos, que são alimentos saudáveis para humanos e para a fauna, os galhos e folhas das frutíferas nativas fornecem matéria-prima para extração
de óleos essenciais de alta qualidade. A cartilha apresenta, também, a relevância dos ecossistemas de potreiros e das agroflorestas para a conservação
da biodiversidade e da identidade cultural dos Campos de Cima da Serra.
Com esta publicação, o Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap) tem o objetivo de contribuir para ampliar a produção e o consumo
de frutas nativas, bem como aproximar as famílias agricultoras e consumidoras. Porque é o consumidor quem pode puxar, com o aumento da demanda, o aumento da oferta dos alimentos sadios que a natureza em harmonia pode oferecer.
O potencial das frutíferas nativas:
Araçá – muita vitamina C (Psidium sp) – a palavra araçá tem origem tupi guarani e significa “fruto que tem olhos” por causa das sépalas que parecem
com olhos. Tem baixa caloria e boa quantidade de fósforo e muita vitamina C. Existem várias espécies no Rio Grande do Sul, todas com potencial de uso.
As folhas podem ser utilizadas para extração de óleo essencial.
Butiá – fibras, potássio e vitamina A (Butia sp) – o nome butiá vem do tupi guarani mbutiai, que significa palmeira. São diversas espécies, sendo alimento rico em fibras, potássio e vitamina A.
Cereja-do-Rio-Grande – vitamina A, cálcio e fósforo (Eugenia involucrata DC.) – o nome tupi é barapiroca, que significa “fruta da árvore
que se descasca”. Também é chamada de caviúna, cereja-do-mato, guaibajaí, ibajaí, ibárapiroca, ivaí, e uajaí. É rica em vitamina A, cálcio e
fósforo. As folhas podem ser utilizadas para extração de óleo essencial.
Goiaba-da-serra – iodo e antioxidantes (Acca sellowiana Berg.) – também conhecida como feijoa. Rica em vitamina C e minerais, inclusive iodo. A polpa tem antioxidantes e ação antimicrobiana. As folhas podem ser utilizadas para extração de óleo essencial.
Guamirim – rica em antioxidantes (Myrcia multiflora) – é palavra tupi guarani e significa fruta pequena. Rico em antioxidantes. As folhas
podem ser utilizadas para extração de óleo essencial.
Guavirova – rica em antioxidantes (Campomanesia xanthocarpa Berg.) – o nome indígena é wa ́bi rob e significa fruto amargo. Bastante
rica em antioxidantes, também é conhecida por gabirova ou guabiroba. As folhas podem ser utilizadas para extração de óleo essencial.
Pitanga – antioxidantes e vitamina A (Eugenia uniflora L.) – o nome vem da palavra indígena tupi pi ́tãg, que significa vermelho escuro. É rica em antioxidantes e em vitamina A. As folhas podem ser utilizadas para extração de óleo essencial.
Uvaia – digestiva (Eugenia pyriformis Cambess) – o nome indígena tupi, iwa ́ya, significa fruto ácido. Também é conhecida como
uvalha, uvaia-do-mato ou azedinha. É adstringente e digestiva, rica em antioxidantes e em vitamina C.
LEIA O DOCUMENTO COMPLETO EM: Frutas_nativas-2015