Nome científico: Psidium cattleianum Sabine
Nomes populares: araçá-rosa, araçá-amarelo, araçá-vermelho, araçá-de-comer, araçá-comum, araçá-de-coroa, araçá-da-praia, araçá-do-campo,araçazeiro, araçaeiro ou simplesmente araçá.
Família botânica: Myrtaceae
Pequena árvore não pioneira, com altura máxima de 9 m e copa rala, perenifólia. O tronco tortuoso tem casca lisa que descama em placas finas.
Folhas: são coriáceas e glabras, com até 10 cm de comprimento.
Flores: são axilares, solitárias, brancas. Floresce de junho a dezembro.
Frutos: amadurecem de setembro a março; são bagas arredondadas, verdes ou amareladas (há variedades vermelhas), coroadas pelo cálice persistente, de polpa suculenta esbranquiçada, semelhante a uma goiaba pequena e de sabor mais azedo. As sementes são dispersadas por animais, principalmente pássaros.
Principais cultivares: araçá-vermelho, forma típica da espécie, árvore de porte médio e frutos com menos de 20 g; e araçá “Ya-ci”, selecionado no Rio Grande do Sul, com frutos que podem chegar a 40 g, ricos em vitamina C.
Habitat: vive em ambientes úmidos e iluminados, não sendo encontrada no interior da mata primária. É encontrada na Mata Atlântica, em especial na floresta ombrófila densa e de restinga (como, por exemplo, no município de Ilha Comprida, no litoral sul de São Paulo), mas também pode ocorrer em cerrados, matas de tabuleiro litorâneas e no Planalto Meridional. Ocorre desde o Piauí até o Rio Grande do Sul. É bastante cultivada em pomares domésticos, principalmente na região sul do Brasil.
Clima e solo: prefere locais de altitude elevada. Pode ser cultivada desde o nível do mar até 2.000 m de altitude. Os índices de chuvas podem variar de 1.200 a 3.100 mm anuais, com a umidade do ar variando de 75 a 85%. Os solos que essa espécie prefere são os arenosos e ricos em matéria orgânica, planossolos, latossolo ou qualquer terreno que tenham as mesmas características de serem bem drenados, profundos e com boa fertilidade natural e tenham pH variando de 4,5 a 6,2. O Araçá amarelo é resistente a mínimas de até – 4 graus e a períodos de seca, suportando um breve período de encharcamento do solo.
O fruto pode ser consumido em sua forma natural, podendo ser usado na fabricação de sucos ou ainda doces em pasta, geleias ou cristalizados.
É rico em vitaminas A, B, C, antioxidantes, carboidratos e proteínas, sendo indicado para o tratamento de prisão de ventre, gripe, resfriado, infecções, nervosismo e ansiedade, além de atuar no combate ao excesso de ácido úrico e à retenção de líquidos. É ainda rico em ferro, cálcio e fósforo, sendo usado também para combater inflamações da garganta, boca, intestinos e órgãos genitais, além de atuar como anti-hemorrágico.
O óleo extraído das folhas é utilizado para o tratamento da diarreia e ainda apresenta ação antibiótica.
O suco feito com o fruto pode ser usado para tratamentos de saúde devido ao seu alto valor nutricional e ao baixo teor de açúcar, além da grande quantidade de compostos fenólicos, vitaminas e sais minerais.
VALOR NUTRICIONAL DO ARAÇÁ
Fonte: DONADIO, L.C.; ZACCARO, R.P. Valor nutricional de frutas
Psidium cattleianum Sabine, Myrtaceae, o araçá é a espécie mais comum, mas existem outras frutas com esse nome comum e de outras espécies, também todas mirtáceas. Há os tipos amarelo e vermelho. O nome deriva do guarani e quer dizer fruto com olho. No Rio Grande do Sul, foram selecionadas variedades, mas que ainda não aparecem no mercado. Uma delas foi chamada de Ya-ci. O fruto é pequeno, com forma arredondada, com muitas sementes, mede de 3 a 5 cm de diâmetro, com casca lisa e de cor amarela ou avermelhada. O fruto do Ya-ci pesa em média 15 a 20 g, até 40 g. O sabor do fruto é doce, com alguma acidez e muito agradável, com sólidos solúveis de até 16 ºBrix e 62 mg de vitamina C em 100 g de polpa. O araçá pode ser utilizado como a goiaba. Além de ao natural, pode ser usado para suco, polpa, doces, licor e geleia, entre outros usos. Dados médios indicam os seguintes: 62 k cal, 1,5 % de proteínas, zero de gorduras, 14,3 % de carboidratos, 5,2 % de fibras.
Minerais – o cálcio e fósforo são os minerais mais presentes no araçá, com 48 e 33 mg/100 g, respectivamente; cálcio – 21 mg/100 g; zinco – 0,5 mg/100 g; ferro – 0,21 mg/100 g.
Vitaminas – alguns tipos têm alto índice de vitamina C, acima dos 62 mg citados, até mais de 300 mg, o nível de tiamina (B1) é de até 100 mcg, que pode ser considerado bom, em relação a outras frutas.
Conforme Silva et al, (2008) tem 37 kcal, 82% de umidade, 0,5 % de proteínas, 8,65 g de fibras, 7,87 g de carboidrato; 0,49 g de lipídios. Vários tipos avaliados no RS, como o Roxo-Sudeste, Amarelo-PR, Amarelo-litoral, Roxo-planalto e Amarelo-planalto deram teor de vitamina C entre 41 e 111 mg.
O araçazeiro cultivado pode produzir duas a três safras em cada ano, sendo que, em Pelotas, RS, a primeira colheita é em dezembro, a segunda em março e a terceira em abril-maio. A conservação pós-colheita do araçá-vermelho foi avaliada e constatou-se que houve aumento da taxa respiratória com aumento da temperatura de armazenamento de 0 a 30 oC; o fruto colhido em estado verde apresenta melhor conservação pós-colheita, porém redução da qualidade, com menor teor de sólidos solúveis totais e maior acidez; na temperatura ambiente, o fruto não se conserva bem, sendo melhor em temperatura de 0 oC, o que prolonga sua conservação.
Foto 1. Fruto apto a colheita, com boa parte amarela e parte verde ainda, em bom estado, aparentemente sem ataque de mosca-da-fruta
Foto 2. Araçás cortados, mostrando a polpa com suas sementes, estas também comestíveis, sem ataque da moscas-das-frutas
Foto 3. Frutos de araçá-pera, da Amazônia, maiores e mais ácidos do que o araçá comum, com frutos maduros e outros passados
Foto 4. Araçá-pera com ataque de mosca-da-fruta, comum nos araçás
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
O fruto do araçazeiro é comestível e muito saboroso, e quando maduro é doce, suculento, levemente adstringente e com acidez, podendo ser consumido também na forma de sucos, geleias, sorvetes, frutos cristalizados, araçazada e licores. Sua composição é variável, com teor de umidade entre 83,3% e 86%. O rendimento de polpa é variável, e o teor de açúcares totais pode atingir 16 °Brix ou mais. O teor de vitamina C é um dos principais atrativos deste fruto, atingindo, em geral, três a quatro vezes o total encontrado na laranja. A concentração total de vitamina C avaliada em cinco populações mantidas na Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, variou entre 41,19 mg/100g de polpa até 111,67 mg/100g de polpa. Quanto à composição fitoquímica, são encontrados teores de compostos fenólicos totais de 3.713,24 mg, equivalente do ácido clorogênico/100g peso fresco. A atividade antioxidante em araçás-vermelhos é duas vezes maior do que nos amarelos, e o teor de carotenoides é semelhante entre os dois tipos. Antocianos são encontrados apenas em araçá-vermelho, com 30,4 mg de equivalente cianidina-3-glicosídeo/100 g de amostra fresca
Fonte: Dr. RODRIGO FRANZON, Pesquisador Embrapa Clima Temperado.