Citricultura Atual – De acordo com artigo do Cepea, os estoques de suco de laranja estão muito baixos ainda, o terceiro menor valor da série histórica, devido ao baixo rendimento industrial vindo de safras baixas. Com esse cenário, os preços estão em níveis recordes atualmente; porém, a safra é baixa e a próxima ainda é incerta, o que fará os preços permanecerem em alta.
A citricultura é uma das culturas agrícolas mais técnicas e que exigem acompanhamento de especialistas. Os consultores do GCONCI estão entre os mais experientes na área, e possuem todo aparato do Grupo para o aprimoramento técnico
constante, consequência das reuniões de Juntas Agronômicas mensais, com interações estratégicas com pesquisadores, empresas de defensivos do setor, além de viagens técnicas a congressos e visitas a outras citriculturas, seja de outras partes do Brasil ou em outros países.
Recentemente, os consultores do GCONCI estiveram na Flórida visitando pomares a céu aberto e dentro de telado, trocando informações com pesquisadores da Universidade da Flórida, assim como participaram da Citrus Expo, em Tampa. A troca de experiência foi de extrema relevância para o GCONCI, nos possibilitando sempre trazer novidades para os clientes.
Em novembro, acontece o Congresso Internacional de Citricultura, e o GCONCI novamente enviará representantes para que possam compartilhar as mais recentes novidades na pesquisa citrícola. Em breve, divulgaremos as informações.
O HLB continua sendo o principal problema a ser enfrentado no setor, e nesta edição da Citricultura Atual há diversos artigos relacionados com o tema, inclusive sobre os efeitos do glifosato na planta. Sabemos que a doença é complexa e deve ser tratada com ações e pesquisas multidisciplinares.
Dentro da citricultura, a lima ácida Tahiti tem sido uma das culturas mais rentáveis ao longo de vários anos, quando manejada corretamente. Até 2022, houve grandes plantios, mas desde 2023, eles têm diminuído devido ao forte aumento do custo de produção, que gira em torno de R$ 30 a R$ 35 mil por hectare. E o HLB e o Cancro Cítrico têm um impacto muito evidente nesse aumento do custo.
E o produtor tem como manejar os citros mesmo no cenário atual de HLB? Sim, tem, e por isso reforço a importância de se ter um bom consultor/assessor, informado e atualizado, com uma equipe de todos do Grupo para ajudar o produtor em situações mais complicadas. Esse é o diferencial do GCONCI. Um grupo à frente.
Fonte: Citricultura Atual – Revista do Grupo de Consultores em Citros – Hamilton F. C. Rocha – Presidente do GCONCI
A CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos) divulgou, em setembro, o fechamento dos estoques ao final da safra 2023/2024, em 30 de junho.
Segundo a entidade, as processadoras brasileiras detinham 116,7 mil toneladas da commodity, considerando o armazenamento no Brasil e no exterior, uma recuperação de 37,7% frente ao volume do mesmo período da temporada anterior, mas o terceiro menor volume estocado de toda a série histórica, iniciada em 1988/1989.
O volume restrito deve-se, principalmente, ao baixíssimo rendimento industrial (o segundo pior da história), o que, segundo a CitrusBR, foi responsável por enxugar cerca de 56,3 mil toneladas de suco na temporada. De acordo com agentes industriais, durante o desenvolvimento das laranjas as chuvas foram mais regulares, o que refletiu nesse cenário, já que uma maior umidade resulta em menor concentração de sólidos solúveis nas frutas. Outros fatores também podem ter impactado, como a maior participação do NFC (suco de laranja não concentrado) em comparação com a de outras safras.
É importante lembrar, também, que o volume armazenado, atualmente em níveis críticos, vem sendo influenciado pelo
cenário das últimas quatro safras (2020/2021 a 2023/2024), quando duas tiveram produções dentro da média, e duas tiveram colheitas abaixo da média no cinturão citrícola. Assim, os estoques vêm sendo consumidos ano a ano – com exceção da
temporada 2023/2024, que registrou leve recuperação.
É importante ressaltar que, apesar de não ter sido explicitado pela CitrusBR, fica claro que a recuperação nos estoques
de passagem só foi possível por conta de uma forte redução nas exportações – ao redor de 13%. Caso os embarques tivessem seguido o ritmo observado em 2022/2023, o volume armazenado teria ficado ‘negativo’. É válido ressaltar que os altos preços do suco de laranja são um fator de impacto no comportamento das empresas engarrafadoras, que estariam adaptando suas estratégias de venda – como diminuição no tamanho das embalagens, blendagem com suco de maçã etc.
O baixo volume de suco estocado já seria preocupante por si só, se não tivesse o agravante de que a safra 2024/2025,
atualmente em andamento, fosse prevista para ser de baixa produção: segundo o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), o cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo Mineiro devem colher apenas 215,78 milhões de caixas de 40,8 kg de laranja, 30% menos que em 2023/2024 e abaixo da primeira estimativa do Fundo, de 232,38 milhões de caixas.
A diminuição na produção se deve ao menor tamanho dos frutos, devido ao tempo quente e seco – ainda pior do que o
esperado inicialmente. O clima também acelerou o ritmo de colheita (por adiantar a maturação), havendo previsão de que
mais da metade da safra seja colhida nesse cenário de seca, já que previsões meteorológicas indicam retorno das chuvas
apenas a partir da última semana de setembro.
As chuvas foram reduzidas em quase todas as áreas do cinturão citrícola, exceto na região sudoeste paulista. De fato, o Fundecitrus indica que a única praça onde a produção deve aumentar nesta temporada é no sudoeste paulista – a colheita nessa região pode ser 19% superior à de 2023/2024. Nas outras praças, a queda na produção ficaria entre 28 e expressivos 60%.
A reestimativa acentua as preocupações do setor, tendo em vista que o novo cenário da citricultura tende a agravar
ainda mais o desequilíbrio entre a oferta e a demanda pela fruta e trazer riscos à rentabilidade do citricultor. Mesmo com a temporada 2024/2025 sendo de preços recordes, para os produtores que tiverem perdas produtivas muito acentuadas, ainda assim há riscos de que as margens sejam apertadas ou até mesmo negativas. É importante lembrar que os custos de produção por hectare estão subindo ano a ano, considerando-se os tratamentos intensivos para controle e prevenção ao HLB; e, em anos de baixa produtividade, os custos unitários (por caixa de laranja) se elevam ainda mais.
Nesse cenário, o volume de suco de laranja em estoque não deve se recuperar no correr da safra atual. Cálculos do
Cepea indicam que o estoque pode terminar a temporada 2024/2025, em junho de 2025, tecnicamente zerado, mesmo
continuando com exportações reduzidas. Nem mesmo a previsão de melhor rendimento industrial (devido às chuvas abaixo
da média) e de embarques contidos será suficiente para compensar a queda na quantidade de matéria-prima processada.
Assim, uma retomada na oferta de suco dependerá da recuperação da produção de laranjas no cinturão citrícola. Por enquanto, ainda é cedo para quaisquer previsões quanto à colheita de 2025/2026; porém, citricultores já se mostram preocupados com o clima, visto que as temperaturas vêm sendo acima da média durante a maior parte do segundo semestre, e apenas no final de outubro e início de novembro é que as chuvas retornaram com expressividade às regiões produtoras. Além disso, outro fator que tende a limitar safras de produção muito elevadas é a alta incidência de HLB/Greening: o relatório de 2024 do Fundecitrus indica
que 44,35% das laranjeiras do cinturão estariam com incidência da doença, o equivalente a 90,36 milhões de árvores.
Flórida pode colher apenas 15 milhões de caixas; danos do furacão Milton ainda devem ser contabilizados
O cenário de baixa produção de laranja e de suco também continua na Flórida. Conforme estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em sua primeira estimativa de outubro, o estado norte-americano deve colher apenas 15 milhões de caixas de 40,8 kg em 2024/2025, queda de 16% em comparação com a temporada anterior. Além dos impactos do HLB na produtividade local, também pesa sobre a colheita a diminuição de 16% no número de árvores em produção em 2024. Do total, 6 milhões devem corresponder às laranjas precoces e de meia-estação (-11%), e 9 milhões às Valências (diminuição de 20% frente à safra passada).
É importante lembrar, porém, que a estimativa ainda não considerava possíveis impactos da passagem do furacão Milton
no início de outubro, um dos mais devastadores a atingir a Flórida nos últimos anos. Apesar de os danos ainda estarem sendo
contabilizados, tudo indica que as perdas, apesar de significativas, seriam menos severas que as sofridas com a passagem
do Ian, em 2022, conforme noticiado no portal Citrus Industry.
No caso da costa leste, como Indian River, muitos pomares estavam alagados, tendo recebido o equivalente a dois meses de chuvas em menos de 24 horas; mas no geral do estado, os danos teriam sido muito irregulares, com mais perdas de frutas do que de árvores. Vale ressaltar que muitos produtores já vinham enfrentando queda de laranjas por conta dos fortes ventos da tempestade tropical Helene. Produtores relataram perdas de 5 a 40%, a depender da intensidade dos ventos, tornados e tempestades, mas também houve variação de acordo com a espécie, grau de maturação, idade da planta e condições frente ao HLB
Fonte: Citricultura Atual – Revista do Grupo de Consultores em Citros
Eng. Agr. Margarete Boeteon – Pesquisadora – Cepea/Esalq/USP – MSc Fernanda Geraldini -Pesquisadora – Cepea/Esalq/USP