Durante a segunda edição da Fruit Attraction São Paulo, um dos principais eventos internacionais do setor, a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) marcou presença com participação em fóruns, rodadas de negócios e discussões estratégicas. O estande brasileiro foi um dos grandes destaques da feira, no qual movimentou encontros entre produtores, compradores e especialistas.
Entre as iniciativas de grande relevância, a participação da Abrafrutas no FRUTFORUM trouxe reflexões sobre as tendências globais do mercado de frutas. O debate contou com a presença de Jorge Souza, gerente técnico da Abrafrutas, Letícia Fonseca, assessora técnica da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), e do analista de agronegócios do Sebrae, Vitor Rodrigues Ferreira, que compartilharam insights valiosos sobre os desafios e oportunidades do setor.
Para Letícia Fonseca, a diversidade da fruticultura brasileira é um dos seus maiores diferenciais. “Nossa fruticultura é muito diversa, com diversos polos de produção. Essa é uma fortaleza do Brasil. Além disso, as frutas brasileiras são atraentes e levam, além de qualidade, sabor.” No entanto, ela alertou para a necessidade de ampliar os mercados. “A falta de diversidade de mercado é um ponto de atenção”.
Vitor Ferreira destacou a importância da capacitação e comunicação para fortalecer o setor. “Ainda há muita carência em serviços de orientação para que os produtores sigam os melhores caminhos. Além disso, muitos não sabem divulgar o que fazem de bom. A tendência do futuro é o agro saber se comunicar dentro das plataformas globais”.
Já Jorge de Souza ressaltou o posicionamento estratégico do Brasil na produção de frutas. “Não somos o único país que pode produzir o ano inteiro, mas somos o único que, de fato, produz o ano inteiro. Tanto compradores nacionais quanto internacionais querem encontrar seus produtos preferidos independente da temporada – e o Brasil tem essa capacidade.” Ele também apontou a necessidade de fortalecer o empreendedorismo no setor. “Se temos um ambiente de negócios positivo, por que a fruticultura não cresce em um ritmo maior? Precisamos trabalhar o perfil do produtor, investir em capacitação e maximizar o que é oferecido pelas entidades parceiras do agro”.
O Estado de São Paulo é o principal produtor nacional de frutas, exportando mais de U$250 milhões por ano, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA – Apta), vinculado à SAA. Em 2024, a fruticultura paulista registrou crescimento de 13% em relação ao ano anterior. Apenas os produtos da citricultura somaram 50% de participação, com 112 mil toneladas exportadas. Além disso, o grupo de sucos é o segundo maior exportado na balança comercial, somando 14,2% de participação, somando US$573,74 milhões, dos quais 98,6% correspondem ao suco de laranja.
Com uma fruticultura diversificada, SP também lidera a produção de banana, com 26% do total produzido no país, e de abacate, com 40%. Outros destaques são caqui, manga, mamão, goiaba e figo. Durante a feira, a Secretaria de Agricultura, por meio de suas coordenadorias — Apta, Cati, Defesa Agropecuária — e das Câmaras Setoriais, apresenta as principais iniciativas do governo paulista para o desenvolvimento da fruticultura paulista.
Entre as iniciativas, está o Projeto Frutas Vermelhas SP, que incentiva produção de mirtilo, framboesa e amora em território paulista com ênfase na agricultura familiar, levando renda e diversificação de culturas ao campo, além de transmitir inovação e extensão aos produtores. Além disso, conta com o Projeto Cacau SP, que pretende impulsionar a cacauicultura no estado. Em 2025, foram plantados 34,3 mil pés novos, um aumento de 37,83% em relação a 2024.
Na Fruit Attraction, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) apresentou ações de certificação fitossanitária de origem que possibilitam a exportação dos produtos paulistas. O cadastro e supervisão de plantios de lima ácida tahiti tornam São Paulo o maior exportador do país, com mais de 60% da lima ácida exportada. Com a abertura dos mercados do Japão e Chile, no ano de 2025, a Defesa Agropecuária iniciou os cadastros e acompanhamento do abacate variedade Hass nas propriedades e casas de embalagem que processam este fruto. Atualmente estão cadastradas 05 propriedades e 05 casas de embalagem.
A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) apresentou aos visitantes da feira, o melhoramento genético do Instituto Agronômico (IAC-Apta) com frutas tropicais e subtropicais, como uva, amora, pêssego, macadâmia, caqui, citros, banana, maracujá, abacaxi, entre outras. O Instituto Biológico (IB-Apta) levou à Fruit Attraction pesquisas em sanidade vegetal, com estudos sobre pragas e doenças que afetam fruticulturas.
Vale lembrar que a Secretaria de Agricultura, por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), conta com uma linha de crédito de R$10 milhões voltada para a fruticultura com taxa de 3% ao ano, 84 meses de prazo e 24 meses de carência.