(Fonte: Sebrae Nacional – 24/10/2015)
Foco em qualidade, diversificação e organização são armas dos produtores contra pragas, câmbio desfavorável e pressão das grandes redes varejistas.
Indiscutivelmente, não há como ignorar a importância da bananicultura na economia e na cultura brasileiras. O cultivo histórico da fruta coloca o país entre os maiores produtores do mundo. Os bananicultores têm alguns desafios e percalços a vencer para ter um retorno justo pelos seus produtos:
- Excesso de intermediários com crescente poder de barganha e continuidade da concentração das grandes redes de varejo. Cadeias de distribuição muito longas, com muitos elos, resultam em menor margem de lucro para os pequenos produtores. A concentração do setor varejista coloca os bananicultores frente a agentes com enorme poder de barganha.
- Pragas agressivas e resistentes aos atuais métodos de controle. Algumas doenças como a Sigatoka negra, a Sigatoka amarela, a broca-de-bananeira e o Mal-do-Panamá representam forte ameaça natural para os bananicultores. Elas podem devastar toda a colheita, se não controladas cuidadosamente. Das medidas preventivas, o produtor deve optar pelo cultivo de variedades mais resistentes às pragas comuns na região de atuação.
- Alterações bruscas nos preços. A falta de transparência na definição de preços dificulta o planejamento dos produtores e causa conflitos entre os elos dos canais de distribuição. A rentabilidade dos diversos agentes envolvidos na cadeia fica à mercê dessas variações, o que representa incertezas adicionais ao investidor.
- Taxas cambiais desfavoráveis à exportação. As atuais taxas de câmbio são desfavoráveis ao produtor brasileiro que pretende exportar.
- Crescente resistência aos produtos transgênicos por parte de consumidores, associações e legisladores. Ações da sociedade civil contra a venda de produtos transgênicos têm aumentado, tanto no Brasil quanto no resto do mundo.
Cooperação como solução
Embora a participação de grandes multinacionais no mercado da banana apresente crescimento, o volume produzido ainda está nas mãos de micro e pequenos produtores. Portanto, o apoio a este segmento é fundamental para a sobrevivência, o crescimento e a rentabilidade de inúmeros Arranjos Produtivos Locais (APL) espalhados por todo país.
O produtor individual, contudo, deve estudar com cuidado as forças competitivas. Precisa ficar atento à entrada de novos concorrentes (sobretudo de grande porte e/ou multinacionais, trazendo consigo novos processos e novas tecnologias), o avanço de pragas extremamente destrutivas e o elevado poder de barganha dos compradores e intermediários que compõem o canal de distribuição.
Individualmente ou agrupados em cooperativas, associações ou outro tipo de arranjo coletivo, é importante que os produtores integrem ao seu modelo de negócio as tecnologias para aumento da eficiência e da qualidade em toda a cadeia produtiva. Estes dois fatores fortalecem o segmento e aumentam o poder de barganha.
Antes de se dedicar à cultura da banana, convém preparar estudos detalhados sobre variedades mais adequadas para cada região do país, levando em conta o clima, solo, regime de chuvas e temperaturas, a qualidade das mudas e as técnicas de comercialização.
Embora pouco explorados no Brasil, os subprodutos da bananicultura também podem garantir rentabilidade ao produtor. A comercialização de suas fibras (antes descartadas) para a confecção de móveis de luxo é um mercado em crescimento. Assim como a utilização da banana como matéria-prima renovável e biodegradável.
Dos governos a bananicultura reivindica a liberação de linhas de crédito agrícola compatíveis com as necessidades e a capacidade de pagamento dos pequenos negócios, interessados em modernizar suas lavouras. A assistência técnica é uma ferramenta essencial nesse processo.
Sucesso na produção
Finalmente, é importante identificar como principais fatores-chave de sucesso na produção e comercialização da banana em estado natural os seguintes aspectos:
- Produtividade – O bom aproveitamento dos recursos naturais é determinante para o sucesso do negócio na bananicultura. A perda de margens observada em um grande número de produtos agrícolas força os produtores a encontrar alternativas para aumentar a relação produção/área. Melhores técnicas de plantio e colheita, a escolha de cultivares adequados e a automação de algumas etapas do processo produtivo são fundamentais para o ganho de escala e, consequentemente, para aumentar a competitividade dos pequenos negócios frente à crescente concorrência internacional e de grande porte.
- Qualidade – Margens mais elevadas na comercialização da banana em estado natural só podem ser alcançadas com a venda dos produtos para mercados mais exigentes. Isto exige um controle rigoroso da qualidade dos frutos, por meio de um cuidado permanente com as suas condições de produção e comercialização. Por isso, são importantes as técnicas utilizadas para a colheita, transporte e armazenamento da banana.
- Organização industrial – No setor como a bananicultura, o esforço conjunto de micro e pequenos produtores é indispensável para o crescimento do setor, para o aproveitamento das oportunidades e o enfrentamento das ameaças. Sem contar que a organização amplia o poder de negociação com o governo para reivindicação de apoio técnico/financeiro.