27/07/2011 – TodaFruta
O TodaFruta agradece a colaboração da Dra. Maria Vitória Cecchetti Gottardi Costa com estas preciosas informações, onde estamos reformulando o conteúdo das informações sobre a abacaxicultura.
O abacaxizeiro (Ananas comosus L. Merril) é uma planta de clima tropical, monocotiledônea, herbácea, perene pertencente à família Bromeliácea. Apresenta sistema radicular fasciculado, fibroso e superficial, com a maioria das raízes encontradas nos primeiros 15 cm no solo, mas uma pequena porcentagem pode ser encontrada em profundidade superior a 30 cm. Suas raízes por serem superficiais, dão pouca sustentação à planta tornando-a suscetível ao tombamento, mais comum na época de frutificação. As raízes são classificadas em primárias, adventícias e secundárias. As raízes primárias têm vida curta e se desenvolvem da radícula do embrião, as raízes adventícias são de origem interna na base do caule e as raízes secundárias são ramificações laterais adventícias. Quando adultas, as raízes do abacaxizeiro apresenta uma estrutura interna típica das raízes em geral: epiderme, com pelos radiculares e com mais de uma camada de células, exoderme, córtex externo, córtex interno e endoderme. As folhas do abacaxizeiro são rígidas, fibrosas, cerosas na superfície posterior e protegidas na inferior por uma camada de pelos (tricomas) que reduzem a sua transpiração. Podem conter muito, pouco ou nenhum espinho e desenvolvem-se no caule (talo) em forma espiral. Uma planta adulta possui em média 70 a 80 folhas que diferem entre si no comprimento e na forma da base da folha e são classificadas em dois grupos: folhas completamente desenvolvidas e folhas mais jovens. As folhas mais jovens encontram-se no centro da planta, são mais curtas, com limbo mais estreito. As folhas completamente desenvolvidas estão localizadas na parte externa da planta, são longas, carnosas, fibrosas, com limbo lanceolado logo acima da base e se dividem em 6 tipos: A, B, C , D, E e F. As folhas A e B são consideradas velhas, adultas e já estavam presentes na muda no momento do plantio. As demais são consideradas novas e se originam na própria planta. Quanto mais nova a folha, menor a parte do limbo que se apresenta clorofilada. Uma folha leva aproximadamente 4 meses para passar do estado F ou folha jovem para o estado D ou folha adulta. A folha D tem uma grande importância no manejo da cultura do abacaxizeiro. Por ser metabolicamente a mais ativa de todas as outras folhas é utilizada na análise do estado nutricional da planta e para avaliar o momento da indução floral. As folhas adultas do abacaxizeiro têm a forma de calha, permitindo que água que cai sobre elas seja conduzida para sua base podendo ser utilizada pelo sistema radicular.
Folhas A: encontram-se completamente desenvolvida no momento de separação das mudas;
Folhas B: não completaram o desenvolvimento no momento da separação das mudas, apresenta um estreitamento do limbo;
Folhas C: são as primeiras produzidas após o plantio das mudas, apresentam uma constrição na base;
Folhas D: são as mais novas entre as adultas, mais longas da planta e a mais ativa entre todas e são utilizadas para diagnose foliar e para avaliar o momento de indução floral, apresentam bordos do limbo paralelos na base;
Folhas E: são mais novas e menos longas que as anteriores, apresentam ligeira convergência na base;
Folhas D: são as mais novas de todas, apresentam bordos convergentes na base.
O abacaxizeiro produz uma inflorescência em sua extremidade apical do caule, do tipo espiga e é sustentada por um pedúnculo, produzindo apenas um fruto. A inflorescência é formada por 100 a 200 flores hermafroditas, trímeras, com três pétalas, três sépalas carnosas, seis estames dispostos em dois verticilos de três e com um pistilo de ovário trilocular, mais um estilete e três estigmas. As flores não amadurecem ao mesmo tempo, abrindo a cada dia uma ou mais flores espiralmente, da base para o ápice durante três a quatro semanas. A parte comestível do abacaxi é constituída pelos ovários e bases das sépalas e das pétalas, e pelo córtex do eixo.
É uma planta propagada vegetativamente por meio de diversos tipos de mudas formadas através de brotações naturais que surgem em diferentes partes da planta. A qualidade destas mudas é um fator decisivo para obtenção de uma lavoura sadia, homogênea e altamente produtiva, já que as mudas destinadas a novos plantios são geralmente retiradas de lavouras comerciais. Praticamente são 4 os tipos de mudas comumente usados e recebem denominações específicas de acordo com o local de origem: Coroa, Filhote, Filhote Rebentão e Rebentão.
A muda tipo Coroaé uma brotação do ápice do fruto e a menos utilizada para plantio devido ao fato de acompanhar o fruto na comercialização. A muda tipo Filhote é uma brotação do pedúnculo (haste que sustenta o fruto) e a mais utilizada na maioria das cultivares por estarem disponíveis em maio quantidade na planta, além de apresentar tamanho bastante uniforme possibilitando um plantio homogêneo. A muda tipo Filhote Rebentão é uma brotação da região de inserção do pedúnculo com o talo (caule) da planta e apresenta características intermediárias entre Filhote e Rebentão. A muda tipo Rebentão é uma brotação do talo da planta, com ciclo vegetativo mais curto, entretanto seu desenvolvimento é desuniforme.
O clico da cultura do abacaxizeiro, do plantio a colheita do fruto é dividido basicamente em 2 fases: vegetativa e reprodutiva. A fase vegetativa se estende do plantio à diferenciação floral e por depender de uma série de fatores que pode modificá-la como: condição climática, tratos culturais, irrigação, tipo de muda utilizada no plantio, é a mais variável podendo durar de 8 a 14 meses. Já a fase reprodutiva corresponde a um ciclo mais estável, com duração de aproximadamente 7 meses e compreendo o período da diferenciação floral à colheita do fruto.
REFERÊNCIAS
CUNHA, G.A.P.; CABRAL, J.R.S.; SOUZA, L.F.S. O abacaxizeiro, cultivo, agroindústria e economia. Brasília: Embrapa, 1999.480p.
MEDINA, J.C. Cultura, IN: Abacaxi: cultura, matéria prima, processamento e aspectos econômicos. Série Frutas Tropicais 2, Campinas, ITAL, p.1-132p. 1987.
RUGGIERO, C. Controle integrado da fusariose do abacaxizeiro, Jaboticabal: FUNEP, 1994. 81p.