Maior produtor nacional de avocado, responsável por 40% da produção brasileira, São Paulo deu início às exportações da fruta para o Chile e o Japão. A abertura desses novos mercados é resultado de missões técnicas estrangeiras que visitam o estado desde 2023 para inspecionar e validar os requisitos fitossanitários exigidos para a importação.
Foto: Avocado Jaguacy/Divulgação
Atualmente, o Chile é o 2º maior consumidor per capita de avocado do mundo, também conhecido como abacate da variedade Hass. Em nota, Lígia Carvalho, produtora e diretora da Jaguary — empresa pioneira no desenvolvimento do abacate Hass no Brasil —, destaca que o país sul-americano representa uma ótima oportunidade de negócio para o avocado paulista. “O consumo chileno é altíssimo, com cerca de 8 kg por pessoa por ano, e vem subindo. É um país que nos gera altas expectativas. Esse ano será experimental, mas no futuro esperamos importantes ganhos”, ressalta.
Em nota, o secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Guilherme Piai, ressalta que outra vantagem é a contra-safra. Enquanto o Chile colhe avocado até agosto, o cultivo brasileiro ocorre, em média, de fevereiro a julho — o que permite ao país suprir a demanda internacional durante a entressafra chilena.
Já o Japão é um dos principais importadores de frutas frescas do mundo e lidera as compras de avocado na Ásia. Embora represente um mercado promissor para a expansão das vendas da fruta produzida em São Paulo, o volume efetivo de exportação ainda é incerto. “A distância, a grande exigência do mercado japonês e a necessidade de envio aéreo trazem incertezas. Por enquanto, vamos aprender a atender esse mercado”, afirma Lígia Carvalho.
Com a abertura dos mercados do Japão e do Chile, a Defesa Agropecuária de São Paulo iniciou o cadastro e o acompanhamento das propriedades e casas de embalagem que processam o abacate Hass. Até agora, cinco propriedades e cinco casas foram cadastradas no estado.
Fonte: https://agro.estadao.com.br/economia/sao-paulo-inicia-exportacao-de-avocado-para-chile-e-japao
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Moacir Carvalho Dias, proprietário da Fazenda Irarema, trabalha para dar conta da demanda crescente para exportação (Divulgação)
De olho no crescente interesse por uma alimentação mais saudável, produtores de avocado no Brasil têm apostado na fabricação de azeite a partir da polpa da fruta. Além dos benefícios à saúde — o avocado é rico em nutrientes, gorduras saudáveis e fibras — há o componente da sustentabilidade: no azeite, aproveitam-se os avocados que não têm a aparência desejada para o mercado premium.
Atualmente, quase toda a produção brasileira está voltada para o mercado externo, principalmente EUA, Itália, Japão, Chile e Argentina, segundo a Associação de Produtores de Abacate. A exportação anual é de pouco mais de 150 mil litros de azeite. O presidente da entidade, Adilson Luis Penariol, reconhece que a produção brasileira está em fase inicial, mas vê “um grande potencial de consolidação.
A perspectiva para as vendas no mercado interno, hoje pequena, é de crescimento. Um entrave, no entanto, é o preço salgado: 500 ml custam, em média, R$ 70.
Uso de máquinas ociosas – Desde que começou a fabricar azeite de abacate, em 2021, Moacir Carvalho Dias, da Fazenda Irarema, na divisa entre São Sebastião do Paraíso (SP) e Poços de Caldas (MG), trabalha para dar conta da demanda crescente para exportação. Hoje, ele é o maior produtor do Brasil:
“Começamos com apenas 5 mil litros em 2021, e em 2024 chegamos a 120 mil litros exportados, com lista de espera para a próxima safra. Enviamos para Emirados Árabes, Japão, Omã, Chile e Itália, mas não conseguimos atender à demanda de Estados Unidos e Coreia do Sul”.
Para 2025, Dias planeja ampliar a produção em 10%, com processamento de 1,5 tonelada de abacate. A produção começou para usar o maquinário da fazenda, até então especializada em azeite de oliva. A safra de azeitonas vai de janeiro a abril, e no resto do ano as máquinas ficavam ociosas. Como a colheita do abacate ocorre no segundo semestre, “a conta fechou”, conta Dias.
Ele não cultiva abacates, mas compra avocado Hass de produtores de São Roque, Mogi-Guaçu e Bauru, no estado de São Paulo, e de Três Corações (MG).
Produtores da fruta também têm investido no azeite. Como o avocado Hass é um item premium, cuja aparência é cuidadosamente selecionada para chegar às gôndolas, foi uma forma de aproveitar as frutas que não atingem o padrão estético para venda.
A marca Jaguacy, líder nacional no cultivo e vendas de avocado Hass, com produção de 4 mil toneladas/ano em Bauru, exporta 400 contêineres de fruta por ano para vários países. Ao ver a oportunidade de exportar produto com maior valor agregado, investiu no azeite.
Ligia Falanghe Carvalo, sócia-diretora da Jaguacy, conta que, nos últimos quatro anos, a produção era terceirizada. Agora, será própria. A empresa construiu uma fábrica com capacidade de processar 3 mil quilos de abacate por hora.
“Sabemos que há mercado para bem mais volume e vamos aumentar a produção aos poucos”, diz Ligia. “À medida que os brasileiros conhecerem a existência do azeite de abacate e seus benefícios, a tendência é que o consumo aumente”.
Também foi pelo melhor aproveitamento da fruta que o produtor José Carlos Gonçalves, de Cajuru (SP), começou a produzir azeite de abacate. Com uma fábrica em São Sebastião do Paraíso (MG), ele conseguiu aproveitar 500 toneladas de fruta que antes eram descartadas anualmente, por não atingirem tamanho ideal ou a aparência desejada.
Gonçalves produz hoje cerca de mil litros de óleo por dia. Parte vai para a produção de azeite, e parte para sabonetes e shampoo sólido. Ele já exporta para Japão e Coreia, e há negociações com Paraguai e EUA.
Fonte: Este é um trecho original publicado em Exame.com. Leia a matéria completa em https://exame.com/agro/rico-em-nutriente-azeite-de-avocados-que-seriam-descartados-vira-item-brasileiro-de-exportacao.
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