Em recente artigo sobre o açaí (15-10-2023), o repórter da Folha de S.Paulo Douglas Gavras fornece informações sobre as exportações do fruto e seus produtos, pelo Brasil e outros países. Com produção de 90% no estado do Pará, as exportações têm aumentado para os EUA, a Austrália e o Japão, e em 10 anos subiram de pouco mais de 288 t para mais de 8 mil t em 2022.
Há outros países que já conhecem o fruto e seus produtos e têm interesse em aumentar as importações,como China, Singapura e Índia. O valor das exportações já atingiram mais de 26 milhões de dólares.
Ao lado das exportações, o açaí já está presente em todo o país e tem potencial de crescer mais ainda. De planta, que era conhecida para extração de palmito, o fruto do açaí e seus derivados, tornaram-se produtos reputados, pela sua qualidade nutricional, na forma de sucos, vitaminas e sobremesas, além de outros produtos, como cosméticos e medicinais. Antes extraído das matas naturais, hoje é produzido em pomares plantados e em agroflorestas, que seria o mais adequado à palmeira, evitando a monocultura. A safra usual é entre agosto e dezembro, com pico entre setembro e outubro. A Embrapa já mostrou em pesquisas que manter a biodiversidade, aumenta a produtividade do açaí, que além disso capacita o produto como orgânico ou certificado, o que tem sido cada vez mais exigido pelos importadores.
No livro de Míriam Leitão “Amazônia na Encruzilhada”, comenta a autora, com base em depoimento do pesquisador Salo Coslovsky, que analisou a balança comercial da Amazônia Legal e as exportações de produtos compatíveis com a floresta, que o Brasil tem uma participação irrisória na lista dos produtos da floresta. Entre 2017 e 2019, os principais produtos exportados da Amazônia pelo Brasil foram soja, minério de ferro, carne bovina, madeira e ouro. Os produtos compatíveis com a floresta, como frutos e outros, somaram apenas 298 milhões de dólares,no período citado, sendo o açaí o principal, seguido de pimenta-do-reino, castanha e frutas, como cacau, cupuaçu, abacaxi e sucos.
A Bolívia supera o Brasil na exportação de castanha sem casca. Os cientistas Ismael e Carlos Nobre propõem um modelo sustentável e inclusivo para agregar valor às cadeias produtivas de frutas e outros produtos, o que seria o conceito da indústria 4.0. Citam o caso do açaí, que nos últimos 20 anos conquistou os mercados interno e externo, beneficiando hoje mais de 300 mil produtores.