Começa o corte da carnaúba em Russas, no Vale do Jaguaribe. Este ano, por conta da seca, a produção caiu 30%.
O verde que se vê hoje na paisagem do sertão é dos pés de carnaúba. Em Russas, município do Vale do Jaguaribe, a 162 quilômetros de Fortaleza, a espécie é bastante comum.
A árvore é frondosa, chega a ter mais de 15 metros de altura e é na folha que está o principal valor comercial, de onde se extrai a cera a partir do mês de setembro.
Apesar dos pés a perder de vista, este ano, a produção deve ser menor. A carnaúba é uma planta muito sustentável, não precisa ser irrigada e nem de grandes cuidados. Além disso, ela se deu muito bem no solo do sertão, mas tanta resistência tem limite. Por conta da seca com dois anos de pouca chuva, a produtividade diminuiu.
Francisco de Assis Ferreira tem 100 hectares com carnaúba e vê com tristeza essa situação. Além disso, o produtor enfrenta ainda outro problema, a falta de mão-de-obra, já que muitos produtores deixaram o sertão por conta da estiagem.
Para quem permanece na terra, o trabalho começa cedo. O corte das folhas é nas primeiras horas do dia. Os vareiros, como são chamados, rapidamente derrubam as folhas e já que falta gente para trabalhar, os ganhos aumentaram.
Folhas no chão, outro grupo de agricultores segue juntando a carnaúba e organizando os fardos que serão transportados para área de secagem. As folhas perdem o verde e ficam no ponto para serem moídas em 15 dias.
O pó branco precisa ser diluído para virar cera. Muitos agricultores ainda fazem esse processo de forma bem artesanal. O pó fica um longo tempo nas caldeiras em alta temperatura até chegar no ponto de ser colocado nas formas e virar tabletes. A partir daí, a cera está pronta para ir para as indústrias, principalmente de cosméticos.
Do começo do ano, até agora, o Ceará exportou US$ 29 milhões em cera de carnaúba.
Toda essa atividade, apesar da seca e da migração dos sertanejos, ainda sobrevive em meios às dificuldades. A esperança é que venham mais incentivos, já que a carnaúba é praticamente a única atividade que garante o sustento do homem do campo em tempos de seca.