A contribuição dos polinizadores animais, como abelhas, borboletas e morcegos, foi responsável por até 25% do valor da produção agrícola e extrativista do Brasil em 2023, segundo estudo experimental divulgado nesta quinta-feira (17/7) pelo IBGE. A média nacional do Indicador de Contribuição dos Polinizadores no Valor da Produção ficou em 16,14%, um crescimento em relação aos 14,4% registrados em 1996.
O levantamento analisou 89 produtos da agricultura e extrativismo vegetal, dos quais 48,3% dependem, em algum grau, da polinização animal. A influência é mais expressiva nas culturas permanentes, como frutas, e nas atividades extrativistas.
De acordo com o IBGE, lavouras temporárias como soja e algodão – que possuem dependência considerada modesta – apresentam impacto relevante no valor da produção devido ao alto volume colhido. Já as culturas permanentes tiveram uma contribuição média de 38,7% da polinização em 2023. No extrativismo, o índice chegou a 47,2%, com destaque para o açaí, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
A pesquisa também mostra que mais da metade dos produtos agrícolas do país dependem de polinização animal, e que a quantidade de municípios com produção influenciada por esse serviço aumentou ao longo das últimas décadas. Entre os permanentes, 71,4% dos produtos exigem algum nível de polinização, enquanto entre os temporários, essa proporção é de 31,3%.
O analista Leonardo Bergamini, responsável pelo estudo, alerta para os riscos à manutenção desse serviço ambiental essencial, citando ameaças como a perda de habitat, uso de pesticidas, doenças, mudanças climáticas e espécies invasoras. “Superar esses desafios exige investimentos em pesquisa e estratégias que garantam a continuidade desse serviço”, afirma.
Entre os produtos do extrativismo, mais de 40% da quantidade coletada em 2023 depende de polinizadores. Itens como o açaí e o babaçu estão entre os que mais se beneficiam da ação de abelhas e outros animais.
FONTE: Igor Ferreira, edição Revista Cultivar 17.07.2025