E quando a fruta se desenvolve, ainda assim, a comercialização junto aos países importadores pode ser é dificultada pela presença de algumas espécies de moscas-das-frutas. Isso por conta dos bloqueios estabelecidos pelos países que compram frutas do Brasil. Esse tipo de impedimento é conhecido como “barreira quarentenária” e ocorre quando a praga não existe no país importador.
CONTROLE BIOLÓGICO DAS MOSCAS-DAS-FRUTAS
O controle das moscas-das-frutas tem sido realizado por meio de produtos fitossanitários em aplicação seletiva, na forma de isca tóxica e/ou aplicação em área total. No entanto, não existem muitos produtos disponíveis capazes de controlar essa praga.
Doryctobracon areolatus é uma vespa nativa do Brasil e presente na maioria dos estados em que ocorrem as moscas-das-frutas. Esse inseto é um parasitoide natural da praga o que demonstra potencial para ser utilizado como um agente de controle biológico.
Os parasitoides são aqueles organismos que necessitam de um hospedeiro para completar seu ciclo de vida, podendo parasitar diferentes fases de desenvolvimento de outro organismo. No caso da vespa brasileira, a fêmea desse inseto é capaz de localizar a larva das moscas-das-frutas no interior dos frutos e utilizar essas larvas para realizar oviposição, ou seja, colocar seus ovos no interior das larvas.
Do ovo colocado pelo parasitoide, irá eclodir outra larva, que se alimentará da praga, eliminando-a. Após alguns dias, ocorrerá a emergência de uma nova vespa, evitando assim a perpetuação da mosca-da-fruta.
DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA
Para conseguir utilizar a vespa D. areolatus como agente biológico de alta eficiência nos pomares, é necessário desenvolver a tecnologia adequada para que os produtores consigam aplicar o controle biológico no momento e na “dose” correta.
Sendo assim, os pesquisadores passaram a estudar a biologia e ecologia da vespa, com o objetivo de desenvolverem técnicas de criação tanto para o hospedeiro (a mosca-da-fruta), quanto para o parasitoide. Além disso, foram realizadas avaliações em relação à sobrevivência e eficiência do agente biológico na presença dos defensivos químicos já utilizados no controle da praga.
A tecnologia já está bastante avançada e os primeiros resultados de testes à campo mostram que a liberação de 10 mil vespas, em três meses, provocou até 40% de parasitismo das larvas das moscas-das-frutas em pomares de citros.
A expectativa é de que o uso do parasitóide no controle da praga seja ainda mais efetivo, uma vez que ainda faltam outras etapas da pesquisa. É preciso caracterizar a época, quantidade e frequência de liberação do parasitoide, pois são todos fatores que influenciam na capacidade de parasitismo da vespa.
Os resultados da pesquisa são promissores e mostram que a nova tecnologia poderá ser utilizada dentro da estratégia de Manejo Integrado de Pragas (MIP), prática que tem sido recomendada para os diferentes tipos de produção agrícola.
É importante ressaltar que a produção dos agentes biológicos deve ser realizada em laboratórios devidamente equipados e contar com profissionais capacitados, esses cuidados garantem que o produto biológico não perca sua eficiência.
Assim que a nova tecnologia, para controle das moscas-das-frutas, estiver finalizada deverá ser utilizada de acordo com as recomendações do produto. Dessa forma, o agente biológico servirá como uma estratégia eficiente, ecologicamente correta e de alto benefício para o produtor.
Fonte: Paranhos, B.J., et al. Biological control of fruit flies in Brazil. Pesquisa agropecuária brasileira. 2019.
Nava, D.E., et al. Avaliação Preliminar da Seletividade de Inseticidas e do Parasitismo de Doryctobracon areolatus (Hymenoptera: Braconidae) em Moscas-das-frutas. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento / Embrapa Clima Temperado. 2019.
Fonte: Croplifebrasil