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O Professor Carlos Ruggiero é daqueles nomes que se confundem com a própria história da fruticultura no Brasil. Engenheiro agrônomo formado pela Universidade de São Paulo em 1966, doutor pela Unesp Jaboticabal em 1973 e pós-doutor pela Universidade do Havaí em 1979, construiu uma trajetória que pode ser lida como um verdadeiro pomar de realizações.
Seu alcance foi além das fronteiras: Paraguai, Uruguai, Peru, Equador, Guatemala, Colômbia, Venezuela, Costa Rica, México, Estados Unidos, África do Sul e Israel, espalhando conhecimento como sementes que germinam em solos diversos.
Visionário, percebeu cedo que a ciência não poderia se encerrar em artigos científicos ou congressos técnicos, precisava chegar ao agricultor em linguagem acessível. Foi assim que nasceu o portal Portal TodaFruta, em 2002, marco de pioneirismo na difusão digital.
Com mais de 3 mil visitantes diários em 123 países, o site é referência mundial, um verdadeiro pomar digital. Nos dias atuais, poderíamos compará-lo a um influenciador digital. Se hoje temos destaque no YouTube e TOP Voice LinkedIn, Ruggiero já fazia esse papel em sua época. Mesmo sem WhatsApp, seu portal alcançava quase 100 mil acessos por mês e ultrapassava 1 milhão por ano. Talvez ele nunca tenha sabido, mas essa dedicação, unida à sua visão de empreendedorismo científico, acendeu em mim, ainda na graduação, o desejo de também transformar conhecimento em legado. Ruggiero também foi fundador de instituições e movimentos que mudaram a história da fruticultura: esteve entre os criadores da Sociedade Brasileira de Fruticultura em 1970, da Funep – Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão e da Cooperfac , além de ser o primeiro Pró-Reitor de Extensão da UNESP.
Sua dedicação rendeu frutos também em reconhecimentos: Medalha do Mérito Científico e Tecnológico do Governo de São Paulo em 2001 e título de Professor Emérito da UNESP em 2012, além de várias honrarias no Brasil e no exterior.
Talvez seu maior mérito tenha sido transformar números em impacto humano. Foram quarenta anos de dedicação à docência e pesquisa, somados aos anos posteriores, quando, já aposentado, seguiu ativo em bancas, eventos, publicações e no portal TodaFruta.
O mais bonito é perceber que cada fruta que chega à mesa — do abacaxi à carambola, da banana ao maracujá, do mamão à lichia — guarda parte da contribuição de Ruggiero e de sua geração de cientistas. Muitas vezes consumimos esses frutos sem saber que, por trás deles, houve pesquisa, esforço e visão de pessoas que acreditaram que ciência deve estar a serviço da sociedade.
Cada artigo, palestra ou aluno foi fruto de um mesmo tronco: a crença de que fruticultura é mais que técnica — é vida, alimento e cultura. Ao homenageá-lo, celebramos não apenas um pesquisador de excelência, mas um homem que fez da fruticultura uma linguagem universal, ensinando que a ciência só cumpre seu papel quando alimenta, inspira e transforma.