Os progressos na área foram muitos devido às pesquisas e transferência de informações aos produtores, em uma área muito competitiva.
TodaFruta - Artigo Exclusivo - Data: 28/08/2023 Editor: Luiz Carlos Donadio/Co-editora: Nicole Donadio/Coordenador: Carlos Ruggiero
Autor: Luiz Carlos Donadio
Comecei a trabalhar com citros na ESALQ, em 1965, como aluno de graduação, com o professor Celio Soares Moreira. Segui no IAC de Campinas com o dr. Ody Rodriguez e, depois, na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB) e na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, em Jaboticabal, SP.
Portanto, acompanho a citricultura há mais de 50 anos. Os progressos na área foram muitos devido às pesquisas e transferência de informações aos produtores, em uma área muito competitiva, Os Estados Unidos eram o maior centro de informações técnicas e o grande produtor mundial. Na Europa, a Espanha se destacava.
Focando na citricultura brasileira, mais diretamente na paulista, pois São Paulo produz boa parte da produção brasileira, na década de 1960, a produção estadual de laranja situou-se entre 22 e 30 milhões de caixas de 40,8 kg (médias de cada 5 anos da década). Na década seguinte, 1970, a produção subiu para 60 a 111 milhões de caixas de laranjas doces. Na década de 1980, São Paulo tinha uma produção entre 183 a 226 milhões de caixas de laranjas doces. As décadas seguintes foram de estabilidade, com produções de 289 a 374 milhões de caixas (anos 1990), 335 a 341 milhões de caixas (década de 2000) e 336 milhões de caixas (década de 2010), tendo chegado a 400 milhões de caixas no fim da década de 1990.
Na década de 2010, muitos produtores tiveram que erradicar pomares, devido a altos custos de produção e baixos preços, o que levou muitos pequenos citricultores a abandonar a atividade. Anteriormente, até o advento da industrialização em meados da década de 1960, a citricultura enfrentou muitos problemas de doenças e baixa produtividade, tendo início na época as pesquisas em citros, o que inaugurou um novo ciclo.
Em 1940, a área plantada era de 40 mil ha, quando foi afetada pela doença tristeza. Na década de 1950, a citricultura voltou a crescer, chegando a 50 mil ha e teve a entrada de grandes produtores, tais como: Carl Fischer, José Cutrale e Fazenda 7 Lagoas, que se tornariam importantes na fase industrial de produção de suco. A produção também cresceu, graças às pesquisas do Instituto Agronômico de Campinas, com seu Centro de Citricultura, e outros órgãos do estado de São Paulo, como o Instituto Biológico, o Instituto de Economia, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e as universidades paulistas.
A produtividade baixa sempre foi um gargalo da citricultura, pois ficou entre 1,5 a 1,9 cx/planta durante muitos anos, com baixa densidade de plantio (plantas/hectare), o que começou a mudar com novas pesquisas de porta-enxertos, plantio adensado, irrigação e controle de doenças. Isso permitiu a redução da área plantada e o aumento da produtividade. Em São Paulo, a redução foi de cerca de 40 %, caindo de 631 mil ha para 376 mil ha em 30 anos. Nesse período, a produtividade cresceu de 14 para 42 t/ha. Hoje as indústrias paulistas de suco usam matéria-prima do chamado cinturão citrícola (São Paulo e Triângulo e Sudoeste de MG), que juntos produziram, entre 2021 e 2023, em média 306 milhões de caixas por ano, segundo o Fundecitrus.